terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Um pouco de Judô : Da Arte Suave, à arte de fazer campeões!


Depois da 2ª guerra mundial, o Japão sofre intervenção pelos norte-americanos quando esses mesmos interditaram todas as atividades inspiradas no bushidô. Os judocas não podiam treinar senão nas escolas.
Jigoro Kano fez numerosas demonstrações e conferência na Europa e na América, mas obteve um êxito muito limitado. Nos Estados Unidos, o mestre Yamashita chegou a ter como aluno o presidente Teodoro Roosevelt.
Entretanto, o judô espalhou-se pelo mundo (Estados Unidos, França, Inglaterra, etc). Foi na França que o judô sofreu algumas mudanças como incremento das cores das faixas que incluiu o processo de esportivização, ou seja, melhor arrecadação financeira para as federações e confederações.
Após a segunda Guerra Mundial, a hostilidade do povo inicia o período mágico do judô. A fórmula “A defesa do fraco contra o agressor” fez furor.
O período desportivo começava. Cada país organizava a sua própria federação nacional; os primeiros campeonatos foram realizados, em Paris teve, lugar em 1951, o primeiro campeonato da Europa, ao
qual assistiu Risei Kano, filho do fundador do judô, e que foi nomeado, presidente da Federação Internacional.
Em 1956 o Japão organiza os primeiros campeonatos do mundo, em Tóquio.
Em 1964, o Judô torna-se uma modalidade olímpica nos jogos olímpicos do Japão.
Com o incremento da popularidade do Judô, principalmente com o advento de competições esportivas, surgiram algumas interpretações errôneas sobre a prática. Esta deturpação do Judô normalmente é ocasionada por uma visão distorcida ou de total ausência do conhecimento das tradições que o impregnam.
A vinda do judô ao Brasil não foi diferente e ainda não possui dados precisos, ou seja, trabalhos elaborados sobre a História do Judô dentro do Brasil são muito raros, sendo poucas publicações específicas.
O que se identifica na literatura dessa arte marcial é que o judô veio com a imigração japonesa, em 1908.
O personagem que mais possui crédito para ser considerado o precursor do judô no Brasil é o Conde Koma, cujo nome seria Mitsuyo Maeda, que ofereceu seus serviços à academia militar, ensinando judô aos
integrantes do exército nacional.
A partir dessa imigração, o judô é divulgado e espalhado em todo o país no qual culminou na fundação da primeira Federação de Judô a Federação Paulista em 1958, começando o processo de esportivização dessa arte marcial no Brasil. Como esporte, surgiu a necessidade de aglutinar as diversas federações espalhadas pelo país. Assim, em 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, cuja sede é no Rio de Janeiro.
Portanto, o judô ganha um caráter competitivo cujos treinamentos dos judocas são centrados em competir esquecendo-se da essência filosófica de que o judô é formado. 
A preocupação dos Senseis em relação à perda da essência do judô, seus costumes, suas tradições é significante. Desta forma, globalizada como o judô vem sendo praticado, os seus valores tradicionais passaram a fazer parte de uma cultura também globalizada, em que o seu ensino e seus valores culturais são vistos apenas dentro de um aspecto histórico. Atualmente os “estilos” de judô se misturam nas competições internacionais, com atletas, das mais distantes e diferentes partes do mundo, adaptando ao judô algumas técnicas de lutas típicas de seus países, tornando-o desta maneira, uma prática muito diferente daquela dos seus primórdios, em que os princípios teóricos e técnicos do judô estão ficando cada vez mais distantes dos ideais firmados por Jigoro Kano. 
Portanto, o judô é visto como uma mercadoria em busca de um lucro que o produto final é “fazer campeões” aderindo ao esporte institucionalizado que é ganhar de qualquer forma, mesmo excluindo grande parte da população judoística. Isso que ocorre com o judô e outros esportes visa o alto-rendimento e esquece os princípios que consolidaram e restringe a oportunidade para todos praticarem. No caso do judô, como uma arte do autoconhecimento e da formação humana. 
Dentro dessa esportivizaçao, os treinamentos enfatizam o modelo do tecnicismo, ou seja, tradicionalmente, o ensino tem sido baseado na pura repetição (ou imitação) de movimentos. Nas aulas, verificam-se os aprimoramentos de um ou dois golpes esquecendo-se dos quarenta golpes propostos pelo seu fundador que foram estudados e analisados, ou seja, nem aperfeiçoamento de técnica não é, pois não há uma conscientização no que está fazendo, há sim o aprimoramento de
treinamento de forças, cujo objetivo é jogar o adversário no tatame de qualquer forma, desvirtuando outro conceito que Jigoro Kano colocava “ceder para vencer” usando a força do seu adversário para somar com a sua, ou seja, a utilização da energia de forma eficiente e com mínimo de dispêndio. 
 “Na ânsia de aprender cada vez mais rápido, os jovens atletas não percebem os detalhes sutis de cada técnica, e é isso que faz a diferença, comprometendo assim o desenvolvimento mais harmonioso de seus movimentos”.
Por essa institucionalização o Judô torna-se elitizado e a minoria não tem condições de praticar, pois tem de pagar mensalidades, e quando há projetos esses não são incentivados para prosseguir. 
"Em tese, sugerir “vença quem jogar melhor”é escamotear o fato de que a falta de igualdade de condições são o obstáculo principal e determinante do ‘sucesso’ na escola, no trabalho e no judô”. 


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