segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Hansei e Kaizen!

Hansei e Kaizen são duas palavras japonesas que ganharam um significado muito mais forte após a segunda guerra mundial. Hansei significa literalmente “reflexão” e Kaizen significa literalmente “mudança positiva”. São princípios que encontram-se na cultura do judo em diversas formas, como por exemplo, na forma do mokuso, onde fazemos uma meditação.
Hansei - Reflexão sincera
Hansei – Reflexão sincera
Entretanto, na nova cultura corporativa japonesa que se formou após a segunda guerra, estes termos ganharam significados mais profundos e hoje são princípios quase que fundamentais em algumas culturas corporativas japonesas. Por conta disso, vale a pena entender estes dois princípios, como funcionam, o que significam, para assim aplicar ao Judô e ao Jiu-Jitsu, seja na forma de aluno, aplicando sobre sua prática, seja na forma de gestor, sensei, aplicando à sua gestão, aplicando às suas aulas.
Os princípios de Hansei e Kaizen se popularizaram no ocidente através do que ficou conhecido como “Sistema Toyota de Produção” (STP). O STP foi um sistema de gestão desenvolvido pelos japoneses para tornar a Toyota na gigante que se tornou, sendo que este sistema envolve diversos princípios. O que nos importa aqui são apenas dois: Hansei e Kaizen.
Hansei originalmente significa “reflexão”. Entretanto, o novo significado faz com que Hansei deixe de ser apenas uma palavra e passe a ser um princípio comportamental e filosófico. Hansei hoje significa uma reflexão profunda e honesta, com o objetivo de reconhecer as próprias fraquezas, as razões dos nossos erros, para aprender e evoluir com eles. Bruce Brownlee, gerente da Toyota, define Hansei da seguinte forma:
Hansei é realmente muito mais profundo que reflexão. Significa ser realmente honesto sobre suas próprias fraquezas. Se você está falando apenas dos seus pontos fortes, você está se gabando. Se você está reconhecendo suas fraquezas com sinceridade, isto é um tipo elevado de força. Mas isso não para por aqui. Como você muda para superar os pontos fracos? Isso está na raiz da própria noção de ‘Kaizen’. Se você não entender o ‘hansei’, então ‘kaizen’ é somente uma melhoria contínua. Hansei é o incubador para a mudança de todo o processo. Queremos superar as nossas àreas de fraquezas.
Hansei é refletir sobre as fraquezas, de uma forma honesta. Não é buscar um culpado. Na nossa cultura ocidental, estamos sempre buscar um culpado, tirar a responsabilidade de nossas costas e colocar no culpado. E quando nós somos os culpados, o peso da culpa se torna as vezes insuportável. Reconhecer as fraquezas, por outro lado, não é uma forma de reconhecer a culpa, mas sim, de assumir responsabilidades e assumir o compromisso de evitar que essa fraqueza surja novamente.
hansei pode ser realizado após um randori, por exemplo. Se pergunte: o que você aprendeu durante o randori? Você não foi finalizado ou não foi projetado por conta de uma virtude sua, ou por conta de um vício? Muita gente acha que ser finalizado ou ser projetado é ruim, o que na verdade, não é. Ou seja: se após o randori você descobrir que você não foi nem projetado nem finalizado porque simplesmente fugiu o tempo todo, fez anti-jogo, travou no chão com o colega de forma que fosse impossível que o randori ocorresse naturalmente, então você acabou de descobrir uma grande fraqueza sua.
Um exemplo dessa atitude mental é a história que se conta de Shiro Saigo. No post “Judô: Ferramenta para o sucesso – Treinando para vencer“, contamos que nos treinos, Saigo era o que mais era arremessado.Para alguns, isso pode ser sinal de fraqueza. Mas para ele, era uma oportunidade única. Os japoneses costumam dizer “se lembre do sentimento“. Toda vez que cair, se lembre do sentimento. Se lembre das sensações. Se sentiu frustrado? Se lembre do sentimento. O que sentiu segundos antes de receber o golpe? Se lembre do sentimento. Saigo fazia isso. Sem medo de cair, aprendeu que cair não o matava. E que, com o tempo, aprendendo a cair corretamente, nem mais doia. Com isso, aprendeu o que fazer depois de ser arremessado. Aprendeu também que é possível fazer algo enquanto é arremessado. E que é possível também fazer algo segundos antes de ser arremessado. A sua atitude mental o levou a ser conhecido como um dos quatro cavaleiros celestiais da Kodokan.
Hansei pode ser realizado individualmente, ou também em grupos. Por isso que as empresas japonesas, principalmente as influenciadas pelo STP, costumam realizar reuniões de hansei (hansei-kai) ou mesmo eventos de hansei. De forma que todos os membros de uma equipe possam honestamente refletir sobre os processos e reconhecer as fraquezas. Assim, o hansei pode ser aplicado em todo o dojo também, e não individualmente. Pode ser aplicado em uma equipe de treinamento de algum atleta. Enfim, as aplicações são ilimitadas.
Rafaela Silva, vítima de racismo e eliminada nas olimpíadas de 2012, se tornou a primeira mulher brasileira a ser campeã mundial de judô em 2013. Exemplo de força, melhoria contínua e dedicação.
Rafaela Silva, vítima de racismo e eliminada nas olimpíadas de 2012, se tornou a primeira mulher brasileira a ser campeã mundial de judô em 2013. Exemplo de força, melhoria contínua e dedicação.
Kaizen, nesse contexto mais pró-ativo e efetivo, deixa de significa apenas “mudança positiva” e passa a significar “filosofia da melhoria contínua”. Não existe kaizen sem o hansei. Sem o hanseikaizen se torna uma mera melhoria. Mas a ideia por trás da filosofia do kaizen e hansei é uma filosofia de melhoria contínua. Algo que deve estar tão enraizado que passa a ser feito naturalmente.
Assim, não basta também meditar honestamente sobre as fraquezas. É preciso reconhecê-las. Perguntar porque elas existem. O que pode ser feito para vencê-las. O que deve-se mudar para não repetir os mesmos resultados. Durante o randori, por exemplo, é comum pessoas terem medo de serem projetadas. Por conta disso, ao invés de lutarem relaxados, essas pessoas esticam o braço, seguram o quadril do colega, abaixam a postura, fazem de tudo para evitar serem projetados. Se ao final do hansei chegar-se a conclusão de que elas não foram projetadas ou finalizadas por conta deste medo, ao invés de ser por conta de um aspecto positivo, então é preciso superar esse medo. E é aí que entra o kaizen. É preciso então mudar, agir diferente, obter resultados diferentes. Foi projetado? Ótimo! Se lembre do sentimento. E melhore continuamente e honestamente consigo mesmo.
É comum, na cultura japonesa contemporânea, ouvir pais ou professores falando para as crianças: “Hansei shinasai!“. Isso significa: “Faça o hansei!“. Quando uma criança ouve isso, ela já sabe que ela precisa ser honesta consigo mesma, precisa reconhecer suas fraquezas e buscar mudar nas próximas vezes, continuamente. Ao contrário da nossa cultura ocidental, onde reconhecer fraquezas é algo que traz sentimento de vergonha, na cultura do hansei reconhecer as fraquezas é uma virtude, pois trás a oportunidade de evolução fisica, mental e moral. Por isso, quando o kaizen, a melhoria continua, é aplicada através do hansei, a mudança deixa de ser uma mera melhoria e passa a ser uma mudança interna, incorporada e muito bem enraizada nos aspectos fortes de cada um.
Por isso, fica a dica. Durante o treino, após o treino e também sempre ao final do seu dia, Hansei shinasai!

domingo, 21 de dezembro de 2014

Associação Roberdrayner Martins !




Neste sábado 20/dez/2014, foram realizadas a Competição interna da associação Roberdrayner Martins no período diário e a confraternização da mesma no período noturno.
E o blog  Judô Caruaru não poderia deixar de postar estes eventos que ocorreram para solenizar o ano que termina e nos deixa mais aprendizado e sabedoria. 
Que o próximo ano seja repleto de ensinamento e motivação para todos treinarem e procurarem evoluir nesta arte que têm muito a nos ensinar ainda. Desejamos desde já, um judô unido e motivado em 2015. 

Somente se APROXIMA da perfeição quem a procura com CONSTÂNCIA, sabedoria e sobre tudo MUITA HUMILDADE .” 
 ―  Jigoro Kano .


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Um pouco de Judô : Da Arte Suave, à arte de fazer campeões!


Depois da 2ª guerra mundial, o Japão sofre intervenção pelos norte-americanos quando esses mesmos interditaram todas as atividades inspiradas no bushidô. Os judocas não podiam treinar senão nas escolas.
Jigoro Kano fez numerosas demonstrações e conferência na Europa e na América, mas obteve um êxito muito limitado. Nos Estados Unidos, o mestre Yamashita chegou a ter como aluno o presidente Teodoro Roosevelt.
Entretanto, o judô espalhou-se pelo mundo (Estados Unidos, França, Inglaterra, etc). Foi na França que o judô sofreu algumas mudanças como incremento das cores das faixas que incluiu o processo de esportivização, ou seja, melhor arrecadação financeira para as federações e confederações.
Após a segunda Guerra Mundial, a hostilidade do povo inicia o período mágico do judô. A fórmula “A defesa do fraco contra o agressor” fez furor.
O período desportivo começava. Cada país organizava a sua própria federação nacional; os primeiros campeonatos foram realizados, em Paris teve, lugar em 1951, o primeiro campeonato da Europa, ao
qual assistiu Risei Kano, filho do fundador do judô, e que foi nomeado, presidente da Federação Internacional.
Em 1956 o Japão organiza os primeiros campeonatos do mundo, em Tóquio.
Em 1964, o Judô torna-se uma modalidade olímpica nos jogos olímpicos do Japão.
Com o incremento da popularidade do Judô, principalmente com o advento de competições esportivas, surgiram algumas interpretações errôneas sobre a prática. Esta deturpação do Judô normalmente é ocasionada por uma visão distorcida ou de total ausência do conhecimento das tradições que o impregnam.
A vinda do judô ao Brasil não foi diferente e ainda não possui dados precisos, ou seja, trabalhos elaborados sobre a História do Judô dentro do Brasil são muito raros, sendo poucas publicações específicas.
O que se identifica na literatura dessa arte marcial é que o judô veio com a imigração japonesa, em 1908.
O personagem que mais possui crédito para ser considerado o precursor do judô no Brasil é o Conde Koma, cujo nome seria Mitsuyo Maeda, que ofereceu seus serviços à academia militar, ensinando judô aos
integrantes do exército nacional.
A partir dessa imigração, o judô é divulgado e espalhado em todo o país no qual culminou na fundação da primeira Federação de Judô a Federação Paulista em 1958, começando o processo de esportivização dessa arte marcial no Brasil. Como esporte, surgiu a necessidade de aglutinar as diversas federações espalhadas pelo país. Assim, em 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, cuja sede é no Rio de Janeiro.
Portanto, o judô ganha um caráter competitivo cujos treinamentos dos judocas são centrados em competir esquecendo-se da essência filosófica de que o judô é formado. 
A preocupação dos Senseis em relação à perda da essência do judô, seus costumes, suas tradições é significante. Desta forma, globalizada como o judô vem sendo praticado, os seus valores tradicionais passaram a fazer parte de uma cultura também globalizada, em que o seu ensino e seus valores culturais são vistos apenas dentro de um aspecto histórico. Atualmente os “estilos” de judô se misturam nas competições internacionais, com atletas, das mais distantes e diferentes partes do mundo, adaptando ao judô algumas técnicas de lutas típicas de seus países, tornando-o desta maneira, uma prática muito diferente daquela dos seus primórdios, em que os princípios teóricos e técnicos do judô estão ficando cada vez mais distantes dos ideais firmados por Jigoro Kano. 
Portanto, o judô é visto como uma mercadoria em busca de um lucro que o produto final é “fazer campeões” aderindo ao esporte institucionalizado que é ganhar de qualquer forma, mesmo excluindo grande parte da população judoística. Isso que ocorre com o judô e outros esportes visa o alto-rendimento e esquece os princípios que consolidaram e restringe a oportunidade para todos praticarem. No caso do judô, como uma arte do autoconhecimento e da formação humana. 
Dentro dessa esportivizaçao, os treinamentos enfatizam o modelo do tecnicismo, ou seja, tradicionalmente, o ensino tem sido baseado na pura repetição (ou imitação) de movimentos. Nas aulas, verificam-se os aprimoramentos de um ou dois golpes esquecendo-se dos quarenta golpes propostos pelo seu fundador que foram estudados e analisados, ou seja, nem aperfeiçoamento de técnica não é, pois não há uma conscientização no que está fazendo, há sim o aprimoramento de
treinamento de forças, cujo objetivo é jogar o adversário no tatame de qualquer forma, desvirtuando outro conceito que Jigoro Kano colocava “ceder para vencer” usando a força do seu adversário para somar com a sua, ou seja, a utilização da energia de forma eficiente e com mínimo de dispêndio. 
 “Na ânsia de aprender cada vez mais rápido, os jovens atletas não percebem os detalhes sutis de cada técnica, e é isso que faz a diferença, comprometendo assim o desenvolvimento mais harmonioso de seus movimentos”.
Por essa institucionalização o Judô torna-se elitizado e a minoria não tem condições de praticar, pois tem de pagar mensalidades, e quando há projetos esses não são incentivados para prosseguir. 
"Em tese, sugerir “vença quem jogar melhor”é escamotear o fato de que a falta de igualdade de condições são o obstáculo principal e determinante do ‘sucesso’ na escola, no trabalho e no judô”. 


Aciagam promove 1ª Copa de Judô em Garanhuns!

                     

Neste dia 06 de Dezembro de 2014, na cidade de Garanhuns, será realizada a 1ª Copa Aciagam de Judô. 

E é com prazer que a divulgamos no blog Judô Caruaru.

Atletas caruaruenses em geral estão se preparando esta semana para competir por lá.

Serão oferecidos prêmios em dinheiro até o terceiro lugar, tanto na categoria masculina quanto na feminina. Também será premiada a academia que inscrever mais atletas.

Desejamos muitos IPPONS para os atletas de Caruaru, nesta que talvez, seja a última competição do ano no estado.  

" Estaremos divulgando os resultados na próxima semana " 

#IPPONELES